A arte é um dos principais meios de expressão de sentimentos, crenças e valores dos seres humanos. E a literatura, oral e escrita, é uma de suas mais importantes manifestações. Literatura é a arte que utiliza a palavra como matéria prima de suas criações.
Algumas definições e conceitos
→ Uso estético da linguagem escrita; arte literária. Conjunto de obras literárias de reconhecido valor estético, pertencentes a um país, época, gênero etc. (Houaiss)
→ A arte literária é mimese (imitação); é a arte que imita pela palavra. (Aristóteles)
→ A literatura é a expressão da sociedade, como a palavra é a expressão do homem. (Louis de Bonald)
→ A literatura obedece a leis inflexíveis: a da herança, a do meio, a do momento. (Hypolite Taine)
→ O poeta sente as palavras ou frases como coisas e não como sinais, e a sua obra como um fim e não como um meio; como uma arma de combate. (Jean-Paul Sartre)
→ É com bons sentimentos que se faz literatura ruim. (André Gide)
→ A poesia existe nos fatos. (Oswald de Andrade)
→ Literatura é a linguagem carregada de significado. Grande literatura é simplesmente a linguagem carregada de significado até o máximo grau possível. (Ezra Pound)
→ Literatura é feitiçaria que se faz com o sangue do coração humano. (Guimarães Rosa)
Desta forma, apenas como ponto de partida junto à literatura, podemos constatar alguns fatos inegáveis:
→ a literatura é uma manifestação artística;
→ a linguagem é o material da literatura, isto é, o artista literário trabalha com a palavra;
→ em toda obra literária percebe-se uma ideologia, uma postura do artista diante da realidade e das aspirações humanas.
A história da literatura
Chamamos de escolas literárias os grandes conjuntos em que costumamos dividir a história da literatura. Essa divisão ajuda-nos a compreender as transformações da arte literária ao longo do tempo.
LITERATURA PORTUGUESA
Era Medieval
Trovadorismo
Período: séculos XII a XIV
Características: cancioneiros, poesia trovadoresca (cantigas).
Humanismo
Período: século XV
Característica: cancioneiro geral
Autores: Fernão Lopes, Gil Vicente
Era Clássica
Renascimento
Período: século XVI
Autor: Camões
Barroco
Período: séculos XVII / XVIII
Características: cultismo, conceptismo
Autor: Pe. Antonio Vieira
Neoclassicismo
Período: século XVIII
Característica: Arcádia Lusitana, Nova Arcádia
Autor: Bocage
Era Romântica
Romantismo
Período: século XIX
Autores: Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, Júlio Dinis
Realismo / Naturalismo
Período: século XIX
Característica: questão Coimbra
Autores: Antero de Quental, Eça de Queirós
Simbolismo
Período: século XIX
Autores: Eugênio de Castro, Antônio Nobre, Camilo Pessanha
Modernismo
Período: século XX
Característica: revista Orpheu, revista Presença
Autor: Fernando Pessoa
LITERATURA BRASILEIRA
Era Colonial
Quinhentismo
Período: século XVI
Características: descobrimento, literatura informativa, literatura catequética.
Autor: José de Anchieta
Barroco
Período: séculos XVII / XVIII
Característica: Bahia
Autor: Gregório de Matos
Neoclassicismo
Período: séculos XVIII
Características: Minas Gerais
Autores: Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama, Santa Rita Durão
Era Nacional
Romantismo
Período: século XIX
Característica: independência
Autores: Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Castro Alves, Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar
Realismo / Naturalismo
Período: século XIX
Característica: Parnasianismo (ocorreu paralelamente)
Autores: Machado de Assis, Aluísio de Azevedo, Raul Pompéia
Simbolismo
Período: século XIX
Característica: Pré-modernismo
Autores: Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens
Modernismo
Período: século XX
Características: semana de 22, geração de 30, geração de 45
Autores: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Guimarães Rosa, Clarice Lispector
A diferença entre o texto literário e o histórico/jornalístico
Uma coisa é escrever como poeta outra como historiador: o poeta pode contar ou cantar coisas não como foram mas como deveriam ter sido, enquanto o historiador deve relatá-las não como deveriam ter sido mas como foram, sem acrescentar ou subtrair da verdade o que quer que seja. (Miguel de Cervantes)
Gêneros literários
- Narrativo (ou épico)
- Lírico
- Dramático
Gênero narrativo
Podemos definir a obra narrativa como o relato de um enredo imaginário ou não, situado num tempo e num lugar determinados, envolvendo uma ou mais personagens.
Quanto à estrutura, ao conteúdo e à extensão, podemos classificar as obras narrativas em romances, contos, novelas, poemas épicos, crônicas, fábulas etc.
Algumas formas narrativas
Epopéia: sendo uma longa narrativa literária de caráter heróico, grandioso e de interesse nacional e social, ela apresenta, juntamente com todos os elementos narrativos, uma atmosfera maravilhosa que, em torno de acontecimentos históricos passados, reúne mitos, heróis e deuses, podendo-se apresentar em prosa ou em verso.
Romance: equivale a epopéia nos tempos modernos, mas ao contrário dela, como forma representativa do mundo burguês, volta-se para o homem como indivíduo.
Não tendo existido na Antiguidade, essa forma narrativa aparece na Idade Média, com o romance de cavalaria, já como ficção sem nenhum compromisso com o relato de fatos históricos passados. No Renascimento, aparece como romance pastoril e sentimental, logo seguido pelo romance barroco, de aventuras complicadas e inverossímeis. É em Dom Quixote que podemos localizar o nascimento da narrativa moderna que, apresentando constantes transformações, vem-se impondo fortemente, desde o século XIX, quando se caracterizou pela crítica de costumes ou pela temática histórica.
Elementos básicos do romance: - o enredo
- as personagens
- o tempo
- o espaço
- o ponto de vista
Conto: designação da forma narrativa de menor extensão e se diferencia do romance e da novela não só pelo tamanho, mas por características estruturais próprias.
Ao invés de representar o desenvolvimento na vida das personagens, visando abarcar a totalidade, o conto aparece como uma amostragem, como um flagrante ou instantâneo.
Novela: forma narrativa intermediária, em extensão, entre o conto e o romance. Sendo mais reduzida que o romance, tem todos os elementos estruturadores deste, em número menor.
Gênero lírico
Na obra lírica um sujeito que chamamos eu-lírico, sujeito lírico, voz lírica ou voz poética exprime suas emoções.
Devido à intensidade da expressão, as obras líricas tendem a ser breves e a acentuar o ritmo e a musicalidade da linguagem. Em consequência, o gênero realiza-se preferencialmente em forma de poema, isto é, em versos.
Algumas formas líricas
Balada: com sentido poético, o termo apareceu no século XIII. Sendo um canto de caráter narrativo, se desenvolve em torno de um único episódio, que pode ser melancólico, histórico, fantástico ou sobrenatural. Muito cultivada no período romântico europeu, no Brasil a balada se projetou no período parnasiano e permaneceu no Modernismo.
Canção: canto. Genericamente designa toda composição poética destinada ao canto. Na história literária luso-brasileira, distinguem-se três tipos: a trovadoresca, a clássica e a romântica ou moderna.
Elegia: cantos de luto e tristeza. Geralmente seu tema é o lamento pela morte de alguém ilustre ou amigo e identifica-se por sua feição sentenciosa, transmissora de conceitos e máximas morais, que visam a fornecer regras para suportar os infortúnios.
Haicai: versos cômicos, poemas cômicos, poema caracterizado pela brevidade. Resultando em um pensamento poético e/ou filosófico muito concentrado, o haicai inspira-se nas estações do ano.
Ode: canto. Originariamente consistia num poema destinado ao canto, que proporcionassem determinados efeitos musicais e emocionais.
Soneto: melodia, canção. É todo poema de quatorze versos, dispostos em dois quartetos e dois tercetos. Tendo surgido na Idade Média, foi cultivado por Dante e Petrarca, permanecendo até nossos dias. E, se não teve grande prestígio entre os românticos, o teve entre os neoclássicos, os parnasianos e os simbolistas.
Gênero dramático
Na obra dramática os fatos são apresentados diretamente ao expectador, sem intermediários. Não é necessária a voz de um narrador como na obra narrativa.
Pertencem ao gênero dramático as obras escritas em versos ou em prosa para a representação teatral. Assim, embora o texto possa ser objeto de leitura, sua realização plena como obra de arte só pode ocorrer no palco, onde cada personagem é representada por um ator, que (re)vive o papel em cada novo espetáculo.
Algumas formas dramáticas
Auto: é uma modalidade do gênero dramático ligada aos mistérios e às moralidades e, na Idade Média, designou toda peça curta de tema religioso ou profano. Ele equivaleria a um ato que viesse a integrar um espetáculo maior e completo, daí o nome auto.
Tragédia: forma dramática surgida no século V a.C. no mundo Grego, época de crise de valores, de choque entre o racional e o mítico. Pode ser conceituada como a imitação de uma ação de caráter elevado (importante e completa), num estilo agradável, executada por atores que representam os homens de mais forte psique, tendo por finalidade suscitar terror e piedade e obter a libertação dessas emoções.
Comédia: essa forma dramática se volta para os homens de mais fraca psique, através da imitação daqueles vícios que, não causando sofrimento, caem no ridículo e produzem o riso.
